Eventos ULBRA, III ENCONTRO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA ULBRA

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CONTROLE DA HIPOTERMIA NO PERÍODO PERI-OPERATÓRIO
Kathleen Adrielli Ferreira dos Santos, Maria Luísa Cancian Côcco, Antônio Carlos Weston

Última alteração: 28-11-2018

Resumo


INTRODUÇÃO: A hipotermia, determinada pela temperatura corporal abaixo de 36ºC, consiste em um estado clínico em que há incapacidade de gerar calor suficiente à realização das funções. Se não prevenida em sala de operação, a hipotermia no período peri-operatório desencadeia inúmeras alterações fisiológicas como arritmias cardíacas, aumento da mortalidade, incidência de infecção do sítio cirúrgico e sangramentos no intraoperatório. OBJETIVOS: Investigar os fatores desencadeantes de hipotermia em pacientes na sala de operação, bem como métodos de diagnóstico e tratamento da hipotermia. MÉTODOS: Revisão de literatura de artigos dentre o período de 2006 a 2016, a partir da base de dados do PubMed e Scielo. Os indexadores utilizados para seleção dos artigos foram “hipotermia peri-operatório” e “perioperative thermoregulation”. RESULTADOS: Em uma análise de 30 pacientes, 21 eram do sexo feminino, sendo a faixa etária distribuída dentre 18 e 64 anos, com média de 35,3 anos. Os fatores desencadeantes da hipotermia analisados foram a baixa temperatura mantida na sala de operação (SO) e o tempo de permanência na recuperação anestésica. A temperatura da SO manteve-se entre 15º e 18,9ºC em 18 casos e entre 19º e 24ºC em 12. Em relação a permanência na RA, 24 pacientes permaneceram de 1 a 2 horas, sendo que a 18 deles conseguiram reaquecerem-se em até 60 minutos, mantendo entre 36º e 37,2ºC de temperatura axilar (Tax). Os métodos de prevenção de hipotermia analisados foram infusão venosa aquecida, manta e colchão térmicos e cobertor comum. A infusão venosa aquecida foi utilizada em 12 pacientes, enquanto a manta térmica em 6 e em nenhum foi utilizado colchão térmico e cobertor comum. Além disso, analisou-se a Tax dos pacientes, a qual apresentou intervalo de 36ºC a 37,2ºC para composição da amostragem. Em 22 pacientes, a Tax estava entre 35,1ºC a 35,9ºC e, em 7, abaixo de 35ºC. Quanto aos métodos de tratamento da hipotermia na recuperação anestésica (RA), 23 pacientes receberam cobertor comum e 7, manta térmica. Não foram utilizados infusão venosa aquecida tampouco colchão térmico. As manifestações clínicas encontradas durante a RA foram hipoxemia em 22 pacientes, tremores em 20 e palidez cutânea em 8. CONCLUSÕES: A prevenção da hipotermia torna-se fundamental para impedir que seus efeitos negativos prejudiquem a recuperação dos pacientes. Portanto, devem-se tomar cuidados para evitar o desenvolvimento da hipotermia desde o período peri-operatório. Um dos aspectos analisados, a temperatura mantida naSO, manteve-se, na maioria dos casos, abaixo do recomendado pelas normas do Ministério da Saúde, o qual preconiza a temperatura entre 19 a 24ºC. Quanto a prevenção da hipotermia, cabe ressaltar que a manta térmica com uso simultâneo de colchão térmico, quando utilizada desde 30 minutos antes da indução anestésica até 120 minutos após o início da anestesia, demonstrou ser um dos métodos mais eficazes para impedir o surgimento da hipotermia durante e após a RA. Considerando-se todos os dados analisados, a educação no centro cirúrgico é uma estratégia essencial para melhorar a qualidade da assistência do paciente no período peri-operatório, a fim de estimular a prevenção dessa condição clínica.BIBLIOGRAFIA1. Sessler, D. Perioperative thermoregulation and heat balance. Lancet 2016; 387: 2655–642. Biazzotto, CB; Brudeniewski, M; Schmidt, AP. Hipotermia no Período Peri-Operatório. Rev Bras Anestesiol 2006; 56: 1: 89 - 1063. De Mattia et al. Hipotermia em pacientes no período perioperatório. Rev Esc Enferm USP 2012; 46(1):60-64. Lopes, IG; Magalhães, AMS; de Sousa, ALA; de Araújo, IMB. Prevenir a hipotermia no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Revista de Enfermagem Referência. Série IV - n.° 4 - jan./fev./mar. 20155. de Moreaes, LO; Peniche, ACG. Assistência de Enfermagem no período de recuperação anestésica: revisão de literatura. Rev Esc Enferm USP 2006; 37(4): 34-42.