O presente projeto de pesquisa investiga as pedagogias da imprensa negra no jornal O Exemplo e possui inestimável valor histórico e cultural para o resgate da memória dos afrodescendentes no pós-abolição. O objetivo central da pesquisa é analisar as denúncias de preconceitos na instrução, nas primeiras décadas do século XX, entre os anos de 1916 a 1920. Em termos metodológicos, num primeiro momento, mapeamos as principais denúncias de preconceitos raciais ocorridos na instrução. Em um segundo momento, analisamos como os discursos denuncistas construíram suas narrativas contra os preconceitos na instrução, valendo-se de múltiplos discursos, entre eles: o que reivindicava o negro como parte integrante do povo brasileiro, o que denunciava o preconceito de cor como imoral na educação cristã e o que via no preconceito a razão para “afugentar” as crianças negras das escolas. Destacamos cinco casos de denúncias de preconceito na instrução: O primeiro, ocorrido no Instituto Católico, da Vila de Estrela/RS, o segundo, ocorrido na Escola Complementar, em Porto Alegre, dirigida pelo Dr. Clemente Gonçalves Pinto, autor da obra Seleta em Prosa e Verso, utilizada nas escolas de educação pública e privada do Rio Grande do Sul. O terceiro, que se refere à expulsão de um aluno por ser negro, pelos padres do Colégio de Petrópolis no Rio de Janeiro, o quarto ocorrido no Colégio Nossa Senhora dos Anjos, em Porto Alegre e o quinto caso, do protesto contra a negativa do uso da palavra ao professor negro Vicente Ferreira, na comemoração de Tiradentes, no Rio de Janeiro.