Os trabalhadores de diferentes áreas ocupacionais estão diariamente expostos a uma diversidade de fatores ambientais que podem prejudicar a sua saúde. No Brasil, o setor fumageiro exerce grande importância na atividade econômica e social no país. Na fumicultura os indivíduos estão expostos a agroquímicos sintéticos e a nicotina (presente na folha do fumo) que constituem um potente efeito tóxico a esses agricultores. O objetivo deste estudo foi analisar os fumicultores cronicamente expostos a baixas doses de agroquímicos e nicotina em relação aos possíveis efeitos genotóxicos decorrentes da exposição ocupacional, através do Ensaio Cometa (EC) alcalino e modificado com as enzimas FPG e OGG1. Foram avaliados 101 indivíduos, 48 deles do grupo controle e 53 do exposto. Foram realizadas coletas de sangue periférico e cada indivíduo respondeu a um questionário. Os resultados mostraram que não houve diferença significativa de índice de danos ao DNA entre os grupos controle e exposto, tanto para o Ensaio Cometa alcalino quanto o modificado com a enzima FPG. Porém, houve aumento significativo de índice de danos nas lâminas tratadas com FPG (P< 0, 0001) e OGG1 (P< 0, 0001), comparados ao teste alcalino, para indivíduos expostos a agroquímicos sintéticos e à nicotina. Os dados demonstram que esses danos são principalmente de origem oxidativa, pois essas enzimas atuam tentando reparar esses danos em algumas das bases nitrogenadas. Assim, torna-se cada vez mais indispensável o biomonitoramento desses fumicultores, e o cuidado com a proteção individual durante a manipulação dos agroquímicos e durante toda a safra.