Prédio: Prédio 14
Sala: Sala 218
Data: 21-06-2017 15:45 – 16:00
Última alteração: 09-06-2017
Resumo
Este trabalho é produto de uma pesquisa mais ampla em desenvolvimento desde janeiro de 2016. As áreas de abrangência são saúde coletiva e comunicação social, articuladas pela análise dos modos como notícias representam um determinado processo de saúde-doença, tomando como referencial teórico dos Estudos Culturais. Nesta pesquisa, preocupamo-nos em compreender o desaparecimento discursivo dos bebês com microcefalia e das mães dos bebês nas notícias sobre a epidemia de Zika vírus no Brasil. O material empírico é constituído de aproximadamente 70 manchetes e notícias publicadas pela Folha de S. Paulo on-line entre os meses de junho a agosto de 2016. Entre as 70 manchetes e notícias coletadas, somente quatro tratam das mulheres que tiveram Zika durante a gravidez ou sobre os bebês com microcefalia. Três manchetes relatam o nascimento de bebês com microcefalia fora do País. Dezesseis manchetes abordam decisões de atletas em relação a participação no evento. Dezoito manchetes tratam de expectativas do evento e ações tomadas pelo Comitê Olímpico para tranquilizar atletas e participantes das Olimpíadas Rio 2016. É perceptível o deslocamento dos sujeitos discursivamente descritos nas manchetes às vésperas das Olimpíadas, em agosto de 2016, quando comparadas às notícias veiculadas pela Folha de S. Paulo on-line desde o início da pesquisa, em janeiro de 2016. O jornal progressivamente diminui a publicação de informações sobre os bebês com microcefalia, sobre as mulheres nordestinas que tiveram o Zika e passa a tematizar atletas e turistas estrangeiros. Observa-se a predominância de dados estatísticos sobre narrativas de indivíduos afetados pelo Zika.
Palavras chave: Estudos Culturais; gênero; mídia.