RESUMO:

Em um período da vida marcado por diversas mudanças, um dos principais desafios enfrentados pelos adolescentes é a respeito da sua escolha profissional. O jovem precisa lidar com o desafio de descobrir quem está se tornando e o que deseja ser no futuro. Além das inseguranças em relação a si mesmo, o adolescente lida com a expectativa dos familiares, preocupação com o desempenho escolar e a pressão social em inserir-se no mercado de trabalho. Para Lorga (2017), essa decisão a respeito do futuro é influenciada por uma série de mudanças, características dessa fase, como: transformações físicas, psicológicas e sociais que podem gerar momento de estresse e ansiedade para os estudantes.  Os adolescentes enquanto vivenciam esse momento de transição, necessitam de uma atenção especial, assim como, auxílio e incentivo que possam contribuir no alívio de suas angústias e preveni-los de frustrações e escolhas mal sucedidas. OBJETIVO: O projeto de orientação profissional Pensando no Futuro foi idealizado com o objetivo de orientar os jovens a respeito de sua escolha profissional e diminuir o sofrimento causado pelas incertezas e temores em relação ao futuro. A realização deste projeto é feito pelo SECODIE, Serviço de Consultoria em Desenvolvimento Institucional e Escolar, que está vinculado ao curso de Psicologia da Ulbra Guaíba. Esse serviço possibilita aos alunos realizarem seus estágios curriculares em Psicologia e Processos Educativos. A aplicação do projeto Pensando no Futuro acontece nas escolas de ensino público e privado da rede de ensino de Guaíba e visa atender os alunos do último ano do ensino fundamental, ensino médio e turmas de EJA. MÉTODO: O projeto ocorre em quatro módulos e os encontros são realizados semanalmente. No primeiro e segundo módulo são propostas atividades que promovam autoconhecimento,  reconhecimento de gostos, habilidades e identificação dos interesses ocupacionais através do teste “Matriz de Habilidades e Interesses Profissionais”. O terceiro módulo tem a proposta de aumentar o conhecimento dos jovens a respeito das profissões, mitos e verdades, possíveis áreas de atuação e formas de ingresso no ensino superior e ensino técnico. No quarto módulo é abordado sobre o ingresso no mercado de trabalho e temas como os programas de estágios e jovem aprendiz, elaboração de currículo e como portar-se em uma entrevista de emprego. DESENVOLVIMENTO: De acordo com Matsuoka e Palma (2012), os adolescentes tendem a não estarem preparados para diferenciar suas verdadeiras habilidades e preferências para o trabalho e dessa forma acabam escolhendo suas profissões influenciados pelo modismo, imitação e sugestões de pais, amigos e professores. É importante que o adolescente possa refletir acerca do que mais gosta, questionando se realmente gosta desta profissão, se já leu algo a respeito do curso, se ele se imagina trabalhando com aquilo no dia a dia, entre outras questões que possam relacionar a profissão com o jeito de ser de cada um. Segundo Lima et al. 2017, o processo de Orientação Profissional visa auxiliar o sujeito em sua escolha profissional, preparando-o para iniciar e se desenvolver na ocupação escolhida. Esse tipo de orientação utiliza como técnica a promoção da reflexão pessoal, levando em consideração a dimensão dos aspectos envolvidos nessa decisão como: família, acesso a recursos para ensino superior ou técnico, cenário econômico e político, objetivos e habilidades pessoais.  De acordo com os autores Fachin e Orzechowski (2014), existe uma diversidade de cursos existentes, sejam eles profissionalizantes ou de graduação, e dessa forma torna-se muito difícil para o adolescente escolher em qual área quer atuar. Ainda segundo os autores, o desenvolvimento de programas de orientação profissional no contexto escolar é importante, pois um dos papéis da escola é facilitar aos seus alunos e mediar o desenvolvimento de informações e experiências que os auxiliem à essas decisões. Esse processo de escolha, tem como objetivo desenvolver o autoconhecimento, o conhecimento e maior informações possíveis a respeito das profissões existentes e também da realidade do mercado de trabalho em que o aluno está inserido. Segundo Matsuoka e Palma (2012), a adolescência é a fase em que o jovem inicia sua vida social criando a necessidade de produzir alguma atividade. A sociedade por sua vez exige que todos os sujeitos inseridos na mesma, produzam conforme suas capacidades e aspirações. A escolha da profissão então, deve atender não somente a essas aspirações e capacidades pessoais, mas também às condições do mercado de trabalho e economia atuais. Essa escolha profissional faz parte então, de um processo que leva em consideração seu meio social e cultural. Silva (2016) refere que diante do contexto global em que os jovens estão inseridos, com foco nos jovens de escolas públicas, é um dever da escola possibilitar que os mesmos possuam ferramentas para orientação profissional. Através deste recurso o jovem pode realizar o planejamento de seu futuro profissional, por meio de seu processo de escolha, autoconhecimento, conhecimento do mundo de trabalho e demais aspectos envolvidos. Espera-se que projetos de orientação profissional possam tornar-se práticas mais difundidas globalmente. De acordo com Pereira e Silva (2011), um resultado positivo da utilização da orientação profissional que não pode ser esquecido é o auxílio a jovens em situação de vulnerabilidade social, que violentados pela situação econômica de onde estão inseridos acabam marginalizados e orientados por ideias de que os menos favorecidos não tem o direito de escolha para futuras profissões. Bastos (2005 apud Souza et al. 2009) afirma que a orientação profissional não deve ser visualizada como um recurso que apenas a classes mais altas podem usufruir. Sua inserção nas escolas públicas poderia oferecer oportunidades de os estudantes discutirem os significados pessoais e sociais da escolha profissional, o que os prepararia para um inicio mundo do trabalho com uma postura mais crítico e consciente. Esse recurso pode auxiliar para questionar estereótipos sobre as profissões, podendo fornecer informações realistas sobre os diversos contextos de trabalho. Conforme Dias (2009), a inserção no mercado de trabalho é um dos resultados esperados a partir das práticas de preparação e orientação profissional. Uma vez que o mercado exige cada vez mais qualificações e os números de desempregados crescem com velocidade, a preparação dos jovens se faz cada vez mais necessária. Um jovem que sai da escola ou universidade sem as devidas preparações, acaba muitas vezes ocupando subempregos e sofrendo com baixa autoestima. Segundo Aguiar e Conceição (2013), a promoção de responsabilidade social, desenvolvimento vocacional e autoconhecimento são consequências da prática de orientação vocacional e contribuem para a promoção da saúde integral através das políticas públicas. A OP (orientação profissional) pode ser praticada em diversos momentos do ciclo vital, indo da infância até a aposentadoria, construindo, assim, autonomia e instrumentalizando os sujeitos. Pereira e Silva (2011) referem que enquanto profissional, o Psicólogo que atua com as ferramentas de orientação profissional deve ter como diretriz principal a compreensão do indivíduo em sua totalidade, levando em consideração seu contexto pessoal, profissional e social.  É desta forma que a orientação profissional poderá atuar para a construção da compreensão desses contextos, bem como para a construção das ações necessárias para a ampliação da consciência que o próprio indivíduo tem de si mesmo. CONCLUSÃO: O projeto Pensando no Futuro espera com sua atuação proporcionar aos adolescentes uma maior percepção a respeito de características pessoais e a relação com a futura profissão, uma ampliação sobre o conhecimento a respeito das profissões e mercado de trabalho e promover uma melhor perspectiva e diminuição da tensões relacionadas ao temor do futuro. No ano de 2019, até o presente momento, estima-se que o projeto tem atingido em torno de 160 estudantes e tido resultados satisfatórios aos objetivos propostos. Em sua prática, evidenciou a relevância que a orientação profissional tem nas escolas, pois foram frequentes as queixas dos jovens a respeito de suas inseguranças em relação ao futuro e o seu despreparo em relação ao mercado de trabalho. A escola é um ambiente preparador para o futuro e observa-se a falta de recursos que, principalmente, as escolas públicas dispõe para o auxílio dos jovens em suas formação como profissionais.  Portanto, trazer esse tipo de programa para o contexto escolar favorece um espaço saudável para sensibilização e reflexão a respeito do futuro e contribui para o desenvolvimento pessoal, profissional e social dos estudantes.

Palavras-chave: Orientação profissional. Escola. Adolescentes.