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A EDUCAÇÃO POPULAR E SUAS AÇÕES JUNTO À POPULAÇÃO QUILOMBOLA DA COMUNIDADE AREAL DA BARONESA.
Última alteração: 11-06-2019
Resumo
O projeto de extensão aqui apresentado denomina-se “A educação popular e suasações junto à população quilombola da comunidade Areal da Baronesa”, que se localiza nobairro Menino Deus,na Avenida Luiz Guaranha, na cidade de Porto Alegre. De acordo comGLEN e SANTOS (2008) a comunidade se reconhece como legatária do Areal da Baronesa,antigo território negro de Porto Alegre, famoso por sua trajetória histórica ligada ao início dacidade, agregando uma das primeiras ruas de Porto Alegre, pelas casas de religião, pelocarnaval de rua, por seus músicos populares. Um território, marcado como território negro,que foi completamente descaracterizado ao longo do século XX, em virtude de grandesreformas urbanas. Ocupa um beco, a que chamam de avenida - uma pequena rua comcasas geminadas. As sociabilidades de rua e as relações de auxílio mútuo, caracterizam o“morar em casa de avenida” (modo de vida que é um dos elementos centrais na identidadedessa comunidade. São aproximadamente 80 famílias que vivem em uma das últimas“avenidas” da região, a Luiz Guaranha, historicamente ocupada por famílias negras.Objetiva-se com este projeto realizar atividades de reforço escolar para as crianças comdificuldades de aprendizagem que se revelam no fracasso escolar, haja vista que das dozecrianças que frequentam o projeto, apenas duas estão no ano escolar compatível com suaidade, ambos no quarto ano do ensino fundamental. As outras dez crianças transitam entreo primeiro e o quinto ano do ensino fundamental, todavia apresentam dificuldades na leiturae na escrita, sendo que suas idades variam entre seis e treze anos. A metodologia utilizadanas atividades semanais, que ocorrem nas manhãs de quarta e quinta-feira, se alicerçanuma rotina que inicia com o acolhimento, momento em que são distribuídos, sobre a mesa,diversos livros de histórias infantis para manuseio pelas crianças, enquanto uma daseducadoras faz a leitura de uma das histórias. Normalmente, as crianças indicam interesseem replicar a história na forma de desenho. Na sequência são realizadas atividades físicas,que denominamos malhação, em que todas as crianças participam, variando o nível deinteresse. A próxima atividade proposta envolve a escrita, para isso utiliza-se a metodologiada palavração proposta por Paulo Freire. Após a atividade escrita é feita a higiene epassa-se ao lanche que consiste na degustação de frutas, que são levadas pelaseducadoras, haja vista que as crianças nos primeiros encontros, ainda no mês de agosto,levavam alimentos industrializados, como: biscoitos recheados, sucos, refrigerante, yogurte,ou pão francês com margarina, sendo que este último não era consumido na sua totalidadee, naturalmente, mais da metade colocada no lixo. Dependendo do interesse das crianças,a cada encontro, é proposta uma atividade surpresa, que também depende do tempoutilizado para realização das atividades propostas.Cabe destacar os apontamentos deBOSSA, 2002, sobre as dificuldades de aprendizagem, definidas como um sintoma socialda contemporaneidade, haja vista a necessidade de avançar nos estudos sobre o sintomado “fracasso escolar” no Brasil que se justifica com base em várias perspectivas: osofrimento que causa à criança; os prejuízos que representa ao país; a necessidade derever a teoria e a prática psicanalítica diante da natureza desse sintoma; enfim, anecessidade de repensá-lo à luz de paradigmas pós-modernos. A autora revela que suaexperiência como supervisora de estágio, aliada à prática clínica é de fundamentalimportância, pois tem mostrado o quanto a escola, o professor, a família e a própria ciênciaestão despreparados para a complexidade do fenômeno do fracasso escolar. Dessa forma,considera-se este projeto de extensão um desafio para todos nós professores e acadêmicosdos cursos de Pedagogia e História. Os resultados obtidos até o momento são poucos, masmuito significativos, pois se relacionam com a capacidade de estabelecer relações de afetoe confiança com as crianças e a comunidade quilombola, onde vivem; da mesma formaque estão sendo construídos sentimentos de pertencimento ao lugar, por todos oseducadores. Isso se revela no momento em que mulheres adultas da comunidade tambémsolicitam um horário para se alfabetizarem e, isso já está ocorrendo, dentro do projeto.Sendo assim, conclui-se que este projeto, mesmo num breve tempo de existência jádemonstra que há muito para fazer e muito a proporcionar à comunidade quilombola doAreal da Baronesa, para reduzir as necessidades sociais que estão intrínsecas no fracasso escolar que se revela.