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O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE AUTORES DE SUICÍDIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE NO PERÍODO DE OUTUBRO DE 2018 À SETEMBRO 2021.
Última alteração: 05-11-2022
Resumo
Segundo o DataSus, o Rio Grande do Sul é o Estado com maior taxa de suicídios do país, correspondendo a 12,4 mortes a cada 100 mil habitantes, o dobro da média nacional. O Brasil registrou um aumento de 43% nos últimos 10 anos. O presente estudo visa desmistificar a discussão sobre o tema e alertar quanto a necessidade de promoção e psicoeducação, sensibilizando a sociedade quanto as motivações à prática de forma a perceber possíveis perigos na desesperança de familiares e amigos. A pesquisa vigente refere-se a um trabalho de delineamento qualitativo, transversal/exploratório, cujo o objetivo foi conhecer uma variável, ou um conjunto delas, uma comunidade e um contexto. A amostra contemplou 140 inquéritos abrangendo o período de Outubro 2018 à Setembro de 2021 na Polícia Civil Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Canoas responsável pela demanda, sendo os dados submetidos a análise de Bardin. Nestes, são analisados os critérios de inclusão (raça, sexo, gênero, cidade do ato, uso de substâncias psicoativas, escolaridade, histórico de ideação e tentativas anteriores) e demais detalhes especificados, assim como depoimento de pessoas próximas e métodos periciais aplicados. A apuração deu-se no período de outubro de 2018 à setembro de 2021, apontando que 81,8% dos casos de suicídio foram efetuados pelo sexo masculino, enquanto 18,2% do sexo feminino. Em relação ao gênero, apontados 81,8% do sexo masculino, 9,1% feminino e 9,1% transgênero. Quanto a raça 63,6% se declararam como brancos, 18,2% como negros e 18,2% como pardos. Destes, 60% eram residentes do município de Canoas, 20% do município de Porto Alegre e 10% do município de Esteio. Foi observado em questão de escolaridade que 50% dos sujeitos que cometeram suicídio tinham o ensino fundamental completo e 30% incompleto. Já 10% mostravam o ensino médio completo e 10% incompleto. Foram analisados também que 50% dos registros lidos na DHPP eram de sujeitos usuários de substâncias psicoativas, 30% não constava a informação no inquérito e 20% não faziam uso de substâncias psicoativas. Notou-se também que as formas mais comuns para concluir o ato eram de asfixia mecânica por enforcamento no sexo masculino, enquanto no sexo feminino, intoxicação por uso de remédios. Para concluir, 66,6% dos sujeitos já tinham histórico de ideação suicida e 33,3% não tinham histórico ou não constava a informação. Destes, 66,7% executaram uma ou mais tentativas anteriores, 33,3% nunca haviam tentado de fato, ou não constava a informação no inquérito. Os resultados aqui apresentados visam contribuir com a reflexão, a partir do conhecimento da realidade, buscando a promoção, prevenção e a psicoeducação sobre o tema.