Última alteração: 05-11-2022
Resumo
A Fiocruz estabeleceu, em 2021, que mais da metade dos brasileiros que fazem tratamento contra um câncer pelo Sistema Único de Saúde precisam deixar o seu município de residência para receber assistência especializada. Este fato torna o tratamento do câncer um processo ainda mais complexo, sendo um tópico importante a ser explorado. Este trabalho objetiva analisar de maneira quantitativa o tratamento de neoplasias malignas nas diferentes Regiões do Brasil através de um estudo epidemiológico para posterior análise de verossimilhança com a literatura. Realizou-se um estudo epidemiológico de uma série temporal de 2013 a 2022 coletando dados da base do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no mês de setembro de 2022. No Painel-Oncologia da plataforma, filtrou-se pelas variáveis de Região-Residência e Região-Tratamento. Na Região Norte, 75.922 pacientes receberam tratamento na região onde residiam, tal como 446.069 o fizeram no Nordeste, 884.371 no Sudeste, 471.717 no Sul e 122.214 no Centro-Oeste, de forma que cada região de residência obteve mais tratamentos locais que em outras regiões. 3.489 residentes do Norte, 1.705 do Nordeste e 10.436 do Centro-Oeste foram tratados na região Sudeste, em contraste a números menos relevantes de tratamento em outras regiões. Assim, é notória a predominância de tratamento oncológico dos indivíduos na própria região em que residem, mas é marcante, entretanto, o alto valor de pacientes de outras regiões que receberam tratamento na Região Sudeste. Estes dados estão de acordo com a literatura. É conclusiva a discrepância entre o local de tratamento de pacientes oncológicos e as regiões em que vivem. Tal fato transparece a desigualdade regional no acesso a tais serviços de saúde e a demanda por investimento em centros de tratamento especializado em cada região.
Palavras-chave: Acesso aos Serviços de Saúde; Neoplasia Maligna; Brasil.