Última alteração: 12-11-2020
Resumo
Introdução: Indivíduos infectados pela COVID-19 podem apresentar sintomas de fadiga, mialgia, tosse seca os quais podem evoluir para dispneia, tosse produtiva e pneumonia (ZHOU; YU; DU ET AL., 2020). Nos casos em que a dispneia evolui para um quadro de insuficiência respiratória, pode ser necessário como conduta a intubação orotraqueal (IOT) como risco de sequelas pulmonares. O uso prolongado de ventilação mecânica (VM), a realização de traqueostomia e idade avançada caracterizam-se como fatores de risco para a disfagia (FREITAS; ZICA e ALBUQUERQUE, 2020). O fonoaudiólogo nessa população, intervém com objetivo de viabilizar a segurança da alimentação por via oral, a necessidade de suspensão da mesma ou até mesmo para elaboração de um plano terapêutico que vise reabilitar a funcionalidade da deglutição e eliminando riscos de broncoaspirações, para possibilitar a alta hospitalar precoce e segura em consonância com a evolução do quadro (PORTO, 2020). Objetivos: Relatar a experiência da atuação fonoaudiológica hospitalar relacionada à deglutição de pacientes internados por COVID-19. Metodologia ou Material e Métodos: Trata-se de um relato de experiência a partir do contexto da Residência Multiprofissional com ênfase em saúde do adulto e idoso da ULBRA onde foram realizados atendimentos Fonoaudiológicos em enfermarias e unidades de terapia intensiva do Hospital Universitário da cidade de Canoas- RS, em pacientes suspeitos ou confirmados para COVID-19. A triagem para risco de disfagia foi administrada pela equipe médica, de nutrição e de enfermagem para minimizar o contato com vários profissionais. As informações foram obtidas no prontuário dos pacientes ou equipe multiprofissional. Para avaliação clínica de deglutição, foi adotado o protocolo utilizado pela instituição, e após análise do histórico clínico e dos sintomas e sinais clínicos apresentados durante a avaliação, foi possível indicar a via de alimentação (oral ou alternativa) mais adequada para cada caso, assim como as consistências da dieta via oral. Eram repassadas orientações e condutas ao paciente e à equipe sobre a dieta indicada e realizadas reavaliações periódicas com o objetivo de gerenciamento de deglutição, progressão ou em alguns casos a regressão da dieta. Resultados e Conclusões finais ou parciais: Dos pacientes acompanhados, em sua maioria foi observada presença de disfagia, que podem estar relacionadas à decorrência de alterações do padrão ventilatório e/ou respiratório que interferem no sincronismo da coordenação entre respiração e deglutição, essencial para a proteção adequada da via aérea inferior (CHAVES et al., 2011), ventilação mecânica prolongada, presença de traqueostomia (RODRIGUES et al., 2015) e/ou idade avançada, que também contribui para a presbifagia (MARCHESAN, 2004; PORTO, 2020). Pode-se concluir que a pandemia do covid-19 trouxe desafios aos sistemas de saúde. Verificou-se que a atuação fonoaudiológica nestes casos foi fundamental para a evolução e melhora clínica do paciente, evitando possíveis consequências pulmonares e prolongando o tempo de internação. O que nos faz refletir sobre a necessidade de considerar os obstáculos da pandemia como oportunidade de reorganização e melhorias dos serviços de reabilitação, para que estes possam cada vez mais contribuir para a promoção e prevenção, bem como para qualidade de vida e de atendimento dos pacientes e a proteção das equipes.
Referências
CHAVES, R. D. et al. Sintomas indicativos de disfagia em portadores de DPOC. J. bras. pneumol., São Paulo, v. 37, n. 2, p. 176-183, abril, 2011.
FREITAS, A.S.; ZICA, G.M.; ALBUQUERQUE, C.L. Pandemia de coronavírus (COVID-19): o que os fonoaudiólogos devem saber. Rev CoDAS. V. 32, n. 3, abril, 2020.
MARCHESAN, I.Q. Distúrbios da motricidade oral. In: Russo IP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. p. 83-99.
PORTO, A.C.L. et al. Atuação Fonoaudiológica Em Pacientes Covid- 19: Revisão Integrativa. Cadernos ESP. Ceará – Edição Especial, v. 14, n.1, p. 38–44, jan-jun, 2020.
RODRIGUES et. al. Reabilitação da deglutição em pacientes traqueostomizados disfágicos sob ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. v. 27, n. 1, p. 64-71, 2015.
ZHOU F.; YU T.; DU R.; et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID 19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study. Lancet. V. 395, n. 10541062, p. q054-1062, março, 2020.