Eventos ULBRA, X Salão de Extensão (Canoas)

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ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM AMBULATÓRIO DE GESTANTES DE RISCO
Bibiana da Silveira dos Santos Machado, Fernanda Lima, Alessandra Linck

Última alteração: 10-09-2018

Resumo


INTRODUÇÃO: No período gestacional alterações estruturais, fisiológicas e emocionais, ocorrem com a mulher (DALVI et al., 2010). Essas mudanças se estenderão do período gravídico até o puerperal e impactam na qualidade de vida desta mulher2. Atividades fisioterapêuticas através de orientações e intervenções que estejam  relacionados à conscientização e conhecimento do próprio corpo durante este período podem influenciar positivamente nestas alterações(GAMBA, 2004). As atividades guiadas e o incentivo a prática de exercícios nesta fase poderão beneficiar e diminuir as consequências das alterações fisiológicas provocadas pela gestação (REICHELT et al., 2002).

A Fisioterapia pode auxiliar nas adaptações biomecânicas e alívio dos sintomas musculoesqueléticos no período gestacional, tais como, dor lombar, fadiga, dores nas pernas, câimbras e parestesias, que aparecem como consequência da sobrecarga de peso; também atua na melhora do retorno venoso; na prevenção e controle do estresse; e ganha destaque nos cuidados com o assoalho pélvico e possíveis disfunções desta região (BARACHO, 2007). Durante o puerpério a Fisioterapia esclarece, apóia e orienta a adoção de posturas adequadas para amamentação, uso de técnicas de fortalecimento de grupos musculares importantes que irão, favorecer o restabelecimento da função corporal normal nesta mulher  (DIAS et al., 2012).

Muitas destas alterações que ocorrem na gestação são fisiológicas e tendem a resolver-se após o parto, porém em algumas situações as alterações vão além dos parâmetros esperados tronando esta gestação de risco. Na região central do Rio Grande do Sul, as doenças com maior prevalência foram Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus Gestacional. Só a Hipertensão Arterial Sistêmica incide em cerca de 10% das gestações, sendo um dos principais motivos de morbimortalidade materna e perinatal (FREITAS et al., 2001). No mundo, em torno de 15% das gestações apresentam complicações (JANTSCH, 2017), evidenciando a importância da atuação de cuidados e orientação a saúde a este grupo de mulheres (RODRIGUES et al., 2008).

METODOLOGIA: Através do projeto “O bebê e seu mundo” acadêmicas do curso de Fisioterapia realizam atendimentos em grupo às mulheres do Ambulatório de Gestação de Alto Risco do Hospital Universitário de Canoas, na sala de espera deste local. Neste espaço são acompanhadas uma vez na semana gestantes em diferentes condições que vem ao ambulatório para as consultas de rotina nas diferentes áreas de atendimento. A cada semana um grupo diferente de mulheres é acompanhado, pois o atendimento é guiado pela agenda dos médicos que realizam as consultas. Inicialmente foi realizada uma apresentação e orientação de como a atividade ocorre, formalizando o convite as gestantes, para todas que aceitam participar da atividade, foram coletados dados referentes à idade gestacional, data provável do parto, motivo do acompanhamento, partos prévios, medicações, atividades que realizam laborais e de lazer, e conhecimento a respeito do períneo. Finalizada esta etapa, as extensionistas explicavam o conceito de assoalho pélvico e sua importância durante o período gestacional e puerperal. Na sequência foram realizados exercícios para ativação e conscientização desta musculatura associados a atividades metabólicas, ativação de musculatura abdominal, alongamentos de membros inferiores, superiores e coluna, exercícios respiratórios finalizando com relaxamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram atendidas 188 gestantes, com idades entre 13 e 50 anos, no período de fevereiro a junho de 2018. A maior parte das mulheres atendidas, 73,4 % estavam no 3° trimestre de gestação.  Dentre os principais motivos para acompanhamento no ambulatório de risco estavam a Diabetes Gestacional (25,54%) e alterações na tireoide (20,74%). E mais da metade das mulheres entrevistadas (66,48%), relataram não ter conhecimento sobre o assoalho pélvico, sua função e importância.

Evidências científicas mostram que o treinamento dos músculos do assoalho pélvico durante a gestação reduz risco de Incontinência Urinária no pós-parto e contribui como proteção para parto prematuro (LOPES et al., 2012). A atuação da fisioterapia visa melhorar a tonicidade dos músculos abdominais e pélvicos, informando sobre a diástase e a importância da continuidade dos exercícios iniciados nesse período (VASCONCELOS et al., 2017). Estudos constataram redução significativa das medidas da diástase de reto, após a realização de intervenção fisioterapêutica; Nessa perspectiva, pode-se afirmar que a fisioterapia mostrou-se eficaz na prevenção da diástase do musculo reto abdominal quando se realizam exercícios respiratórios e de fortalecimento abdominal adequados à gestante(VASCONCELOS et al., 2017).

É importante que haja um acompanhamento durante todas as fases de gestação; o pré-natal deve ser de preparo físico e psicológico para parto e maternidade e por isso é considerado um momento de aprendizado, em que os profissionais da equipe de saúde possam desenvolver educação a gestante como parte do processo de cuidar (RIOS et al., 2007). Atividades em grupo neste período podem influenciar positivamente aspectos sociais para a gestante e ser importante para a troca de experiências e anseios que este ciclo pode trazer, impactando nos índices de depressão gestacional (BOTELHO et al., 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através desta atuação foi possível observar a grande variação de idade das mulheres atendidas no ambulatório e que independente deste fator o pouco conhecimento sobre sua anatomia e funcionamento do corpo durante a gestação é presente e pode influenciar na segurança e bem-estar das mulheres. Intervenções que buscam educar e promover a saúde podem ser estratégia de atenção à saúde a esta população beneficiando não somente as mulheres, mas também seus filhos e famílias. Durante a continuação desta atividade serão apontados dados referentes à continuidade dos exercícios, diástase dos retos em outras gestações e entrevista no pós-parto.


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