Última alteração: 10-09-2019
Resumo
No município de Novo Hamburgo/RS, o CPRM mapeou em 2015 onze áreas de ocupação irregular vulneráveis à inundações e deslizamentos de terra, sendo destas 7 localizadas nas proximidades da APA Norte e 4 nos bairros Santo Afonso, Canudos. Entendendo a importância de olhar para estes locais o Projeto de Extensão Habitar Legal atua desde 2016 nos bairros São José e Diehl com o objetivo de conhecer as características destes territórios em área de risco, e mais recentemente no Bairro Canudos, atuando em interface com as populações que ali residem e articulando estratégias de ação e prevenção de riscos e desastres. Desde o início de 2019 a realização das atividades se deu com dois grupos da região do bairro Canudos: o Grupo Cáritas da Paróquia José Operário e os agentes de saúde da USF Getúlio Vargas, onde foram realizadas as oficinas de mapeamento colaborativo. A mesma proposta foi realizada em 2018 com os grupos atendidos nos bairros São José e Diehl.
As oficinas de mapeamento foram elaboradas e executadas em três versões, podendo as mesmas ocorrer em dois momentos, de acordo com as características do grupo. A primeira versão do exercício de mapeamento de deu com as comunidades do Bairro São José e Diehl durante o ano de 2018, onde os beneficiários realizaram um mapeamento da região através de uma maquete topográfica do bairro onde demarcavam pontos específicos utilizando alfinetes coloridos e post-its para complementar as informações. A segunda versão ocorreu através da exposição de mapas de satélite da região, com a marcação ocorrendo através de fichas com pictogramas colados ao mapa e outras marcações com canetas coloridas. A terceira versão foi um mapeamento mental da região, onde os beneficiários exercitam sua memória sobre o lugar e desenharam em um papel as ruas, locais e pontos de interesse do território que habitam. Para as três versões foi utilizada uma tabela contendo indicações dos pontos que poderiam ser indicados, sendo eles: depósito irregular de lixo, animais, deslizamento de terra, alagamento, corte de vegetação, esgoto irregular, poços de água e pontos de referência no bairro. O segundo momento das atividades é uma saída de campo, onde os beneficiários percorrem a área mapeada fazendo anotações e falando sobre o território.
As oficinas de mapeamento colaborativo se constituem sobretudo em uma troca de conhecimentos da universidade com a comunidade. Os dados levantados nas oficinas são transferidos ao meio digital e compilados em softwares de geoprocessamento, criando um grande banco de dados com foco na percepção das comunidades. Estes dados são sobrepostos aos dados oficiais do CEPED/RS e da Prefeitura de Novo Hamburgo, possibilitando assim um panorama real da realidade destas comunidades e da população que habita em áreas de risco.