Eventos ULBRA, XI Salão de Extensão (Canoas)

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AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS INFERIORES E VELOCIDADE DE MARCHA EM IDOSOS QUE REALIZAM FISIOTERAPIA AQUÁTICA
Maria Taisa Rizzon, Leticia Hoffman, Paloma Busatto, Christie Fraga

Última alteração: 10-09-2019

Resumo


RESUMO

INTRODUÇÃO

O número de idosos no Brasil cresceu consideravelmente, em 5 anos houve um aumento de 18% superando a marca dos 30,2 milhões em 2017. Todo o idoso passa pelo processo de envelhecimento, que acarreta alterações fisiológicas e funcionais, são estes os que mais empregam o tempo em comportamento sedentário, assim, é previsto o incentivo pela Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa (PNSI) a criação de programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso a fim de evitar esse comportamento. 1,2,3.

A fisioterapia aquática utiliza os princípios físicos da água mais a temperatura elevada combinada com a cinesioterapia e é indicada como uma atividade para manter e/ou melhorar as disfunções físicas causadas pelo envelhecimento. A hidroterapia auxilia os idosos quanto à flexibilidade, força, resistência, movimentação articular, no relaxamento da musculatura e atua melhorando o sistema respiratório e cardiovascular. Ela também permite o atendimento em grupos, o que proporciona alguns outros benefícios, tais como a socialização, a melhora da autoestima e da autoconfiança de seus praticantes.5

Muitos estudos tais como de RIZZI et.al6, Siqueira et.al7 e Arca et.al8 pesquisaram sobre a força, flexibilidade, equilíbrio e amplitude de movimento de idosos  no meio aquático  obtendo  resultados positivos, salientando os benefícios da fisioterapia aquática.

O presente projeto buscou contribuir nas pesquisas em relação aos efeitos da fisioterapia aquática na força de membros inferiores e velocidade de marcha dos idosos prevenindo e minimizando as consequências do envelhecimento, explorando as vantagens físicas que o meio aquático proporciona.

 

METODOLOGIA

 

Fizeram parte desse estudo 10 idosos de ambos os sexos, que realizaram somente fisioterapia aquática no Projeto de extensão – ULBRATI da Universidade Luterana do Brasil – Canoas/RS, estes formaram o grupo FA (fisioterapia aquatica) e 10 idosos sedentários da comunidade de Canoas e Porto Alegre, que formaram o grupo SE (sedentários) no período de março a maio de 2019.

Foram incluídos idosos com idade igual ou superior a 60 anos que realizavam apenas fisioterapia aquática no projeto de extensão – ULBRATI (Ulbra para a terceira idade) e idosos sedentários da cidade de Canoas e Porto Alegre. Foram excluídos em ambos os grupos indivíduos que realizaram cirurgias ortopédicas a menos de 6 meses, idosos que possuíam patologias neurológicas, participantes com contraindicações absolutas para atividades no meio líquido tais como doenças de pele contagiosas e processos inflamatórios agudos, e aqueles com mais de duas faltas consecutivas no projeto de extensão.

Após a aplicação da ficha de coleta de dados pela pesquisadora, todos os indivíduos foram avaliados através dos testes senta-levanta, velocidade de marcha de 10 metros e pela dinamômetria de preensão manual.

O grupo de FA participou de 10 atendimentos, 2 vezes por semana, com duração de 45 minutos. O programa e fisioterapia aquatica contou com atividades de aquecimento, treinamento de força muscular e equelibrio, alongamento de membros inferiores, e finalizando com relaxamento.

Após 10 atendimentos ambos os grupos foram reavaliados através dos mesmos testes, e comparado os resultados pré e pós intervenção e intra e inter grupos.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Foram avaliados 20 idosos com média de idade de 67,2±5,1 anos, com predominância do gênero feminino (80,0%) em ambos os grupos. No teste senta-levanta quando comparados intergrupos o FA demonstrou resultado significativo (FA= 13,40±0,57; SE= 9,50±0,50).

E quando comparado intra grupos obteve-se uma melhora não significativa no teste caminhada de 10 metros na dinamômetria.

Observa -se no grupo SE uma diminuição nos resultados do teste senta-levanta e teste de caminhada de 10 metros enquanto os resultados da dinamômetria se mantiveram iguais.

MOTTA et.al4 identificou que participar de um grupo de fisioterapia aquática leva a   uma boa interação social gerando assim uma boa qualidade de vida. Isso atrai mais idosas do sexo feminino por que de acordo com BENEDETTI et.al11 mulheres buscam por uma qualidade de vida melhor quando comparadas ao sexo oposto; isso reflete neste estudo onde encontramos o predomínio de 90% do sexo feminino no grupo FA.

Nossos resultados constataram que o grupo FA apresentou um maior número de repetições no teste senta-levanta  e houve uma diminuição do número de repetições do grupo SE  o que corrobora com o estudo de TAHERI8 que avaliou a força muscular de membros inferiores de idosos que realizavam hidroterapia e de idosos sedentários  pelo teste  senta-levanta  também encontrando assim  esta mesma diferença  no grupo sedentário.

De acordo com FERREIRA et.al9 o treino com exercícios resistidos se mostra importante dentro de um programa de exercício físico  para melhorar a qualidade de vida e  aumentar os níveis de força muscular, e isto pode ter contribuído  para o resultado que se obteve no teste-senta sendo que o grupo FA passou por uma intervenção com exercícios que exploraram a resistência dentro da água através do empuxo e o arrasto corroborando também com achados de BRUNI et.al10 que exploraram  esses princípios físicos dentro da piscina com idosos.

Quanto ao número de intervenções o grupo fisioterapia aquática realizava 2 vezes na semana o que também pode ter feito a diferença já que OLIVEIRA et.al11 demonstrou  que  após 3 meses de exercício dentro da agua, a melhora do componente físico  e da qualidade de vida foi maior  quando  realizado 2 vezes na semana ao invés de uma.

A hidroginástica e a hidroterapia são atualmente atividades físicas frequentemente procuradas pelos idosos e segundo MARTINEZ et.al12 ambas se utilizam da piscina pré-aquecida, dos mesmos princípios físicos da água e dos mesmos implementos para ganho de força. A autora ainda reforça que para se graduar um exercício dentro da água se faz necessário o incremento de mais de um material flutuante quando se trata do empuxo e de incremento de um material que possua uma área maior quando se trata do arrasto. Também pode se combinar a velocidade do movimento para exigir ainda mais do esforço físico dos seus praticantes.

Os exercícios do programa de fisioterapia aquática também foram  graduados desta forma o que pode ter contribuído para o resultado significativo no teste senta - levanta do FA tanto intra quanto intergrupos no período pós intervenção. (FA= Pré: 10,70±0,65 / Pós: 13,40±0,57).

SILVA et.al13 avaliou um grupo de idosos praticantes de hidroginástica quanto a força de preensão palmar (FPM). Teve como resultado que os homens apresentaram o teste de FPM com média de 34, 8 ± 3,8, as mulheres apresentaram média de 25,1 ± 0,5.

Há uma diferença de valor na dinamômetria entre homens e mulheres, isso devido a uma diferença fisiológica, a velocidade de perda das capacidades físicas tende a ser mais expressivas nas idosas isso segundo a pesquisa de   BEZ e NERI.14

Ao coletar os dados desse presente estudo os homens também mostraram valores superiores de dinamômetria quando comparado a mulheres, isso tanto no grupo FA quanto no grupo SE. Porém quando comparados os resultados de ambos os grupos tanto intra e intergrupos, as médias obtidas tanto com a mão direita quanto com a mão esquerda dos grupos se mantiveram iguais ou quase iguais e isso culminou em um resultado não significativo.

OLIVEIRA et.al15 verificou a relação da força de preensão manual e capacidade funcional dos idosos ativos participantes de grupos de convivência. Estes autores observaram que idosos classificados como dependentes em relação as atividades básicas de vida diária e atividades instrumentais de vida diária obtiveram limitação de força de preensão manual.

Os valores de força de preensão manual inferiores a 20 kg/f encontrados no estudo relacionaram-se como um risco para dependência futura e baixos níveis de saúde.  Porém neste presente estudo as médias de ambos os grupos tanto FA e SE tanto no período pré quanto no período pós de mantiveram acima de 20 kg/f.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos sugerem que o programa de hidrocinesioterapia foi eficaz na melhora da força muscular de membros inferiores, apresentando um aumento significativo do número de repetições do ato de sentar e levantar do grupo FA.

¹Autores

²Orientador

 

REFERÊNCIAS:

1.  Fernandes MTO, Soares SM. O desenvolvimento de políticas públicas  de atenção ao idoso no Brasil.  Rev Esc Enferm USP.  2012; 46(6):1494-1502.

2. Tavares RE, Jesus MCP, Machado DR, Braga VAS, Tocantins FR, Merighi MAB. Envelhecimento saudável na perspectiva de idosos: uma revisão integrativa. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. (Rio de Janeiro). 2017; 20(6): 889-900.

3. Meneguci J, Garcia CA, Sasaki JE, Junior JSV. Atividade física e comportamento sedentário: fatores comportamentais associados à saúde de idosos. Arq Cien Esp. 2016;4(1):27-28.

4.  Motta   LRS, Mello   NF, Dornelles   MS, Vendrusculo AP. O efeito da fisioterapia aquática na interação social de idosos. Cinergis. 2015;16(2):97-101.

5.  Rosa   TS, Andriollo   DB, Vey   APZ, Mai   CG. Fisioterapia aquática como prevenção de quedas na terceira idade: revisão de literatura. Cinergis. 2013;14(1):25-28

6. Rizzi   PRS, Leal   RM, Vendrusculo   AP, Efeito da hidrocinesioterapia na força muscular e na flexibilidade em idosas sedentárias. Fisioter Mov. 2010;23(4):535-43.

7. Benedetti   TRB, Mazo   GZ, Borges   LJ. Condições de saúde e nível de atividade física em idosos participantes e não participantes de grupos de convivência de Florianópolis. Ciência & Saúde Coletiva. 2012;17(8) 2087-2093.

8. Castro   LFA, Trindade   ANT, Balieiro    LC, Saavedra   FJF. Avaliação da aptidão física e funcional de idosos com prática de atividade física diferenciada. Revista Kairós ― Gerontologia. 2017; 20(3)57-77.

9. Ferreira   MER, Cardoso  GMP, Lima  GD, Oliveira ALM. Treinamento resistido na qualidade de vida de idosos. Revista Saúde e Meio Ambiente – RESMA (Três Lagoas). 2019;8(1):52-62.

10.  Bruni   BM, Granado   FB, Prado   RA. Evaluation of postural equilibrium in aged practitioners of group hydrotherapy Evaluación del equilibrio postural en envejecidos practicantes de hidroterapia en grupo. O Mundo da Saúde. 2008; 32(1):56-63.

11.  Martinez   FG, Ghiorzi   V, Loss   JF, Gomes   LE. Caracterização das cargas de flutuação de implementos de hidroginástica e hidroterapia. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. 2011; 10(1):64-75.

12. Silva  CA, Rodrigues ALP,  Almeida MJO. Avaliação do estado de saúde de idosos participantes de diferentes programas de atividades físicas. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva (São Paulo). 2019;13(77):113-122.

13.  Bez   JPO, Neri   AL. Velocidade da marcha, força de preensão e saúde percebida em idosos: dados da rede FIBRA. Ciência e saúde coletiva. 2014; 19(8): 3343-3353.

14. Mattioli RA,  Cavalli AS, Ribeiro JAB,  Silva MC. Associação entre força de preensão manual e atividade física em idosos hipertensos. Rev. Bras. Geriatr. GeRontol.( Rio de Janeiro). 2015; 18(4):881-891.

15.  Oliveira   EN, Santos   KT, Reis   LA. Força de preensão manual como indicador de funcionalidade dem idosos.  Revista Pesquisa em Fisioterapia. 2017;7(3):384-392.


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