O Núcleo de Estudos em Gênero, NEG, é um projeto de extensão comunitária desenvolvido na ULBRA campus Santa Maria. A metodologia consiste na construção de intervenções que alcancem a comunidade acadêmica e a comunidade externa ao campus para espaços de diálogo sobre as questões de gênero. Os membros do NEG participam de reuniões semanais, com fundamentação teórica sobre os principais conceitos em gênero, destacando a importância da discussão vinculada a psicologia. No segundo semestre de 2018 e primeiro semestre de 2019, foram desenvolvidas intervenções nomeadas como “NEG (EN)CENA”, durante os dois semestres foram desenvolvidos espaços para tratar dos seguintes temas: violência contra mulher; história e memória das mulheres; transmasculinidades e violências; população transgênero/transexuais e prevenção ao suicídio. As intervenções consistiam em promover rodas de conversa e dinâmicas sobre os respectivos temas, a partir de dispositivos que conduziam a discussão, filmes, documentários, imagens, relatos e memórias. A proposta, do NEG (EN) CENA, tornou-se a conferência de abertura da oitava Semana Acadêmica do Curso de Psicologia, com a apresentação do documentário “Preciso dizer que te amo” de São Paulo, que tratou sobre suicídio, a partir do relato do cineasta e idealizador do documentário que ocupa a cena de grandes cidades na campanha de promoção da vida. Destacamos Biroli (2015)[1] que faz menção às relações de público e privado e como estas se consolidam ao longo dos anos na história da sociedade. Para a autora, determinados fenômenos precisam ocupar o cenário público, enquanto uma ação política, visto que nas relações de poder, um corpo humano não deve ser dominado. As ações desenvolvidas vêm consolidando e tornando referência a psicologia, enquanto espaço de escuta, circulação da palavra e ressignificação de conceitos estabelecidos e instituídos socialmente. Problematizar e colocar em cena temas como estes, é fundamental para acolher as demandas sociais, e além disso, promover espaços de pertencimento social, pois a universidade precisa acessar a todos, em sua diversidade. O NEG (EN)CENA, tornou-se um espaço de acolhimento e escuta, bem como, potência destas demandas, e precisa permanecer em circulação, para que as palavras possam operar cada vez mais na condição de pertencer e ser sujeito.

[1] BIROLI, Flavia, MIGUEL, Luis Felipe. Feminismo e Política. Boitempo. 2015